De onde vem essa inspiração, à meia noite, exatamente, um poder, como se o dia... não que não seja belo em sua essência, porém a noite trás um tom de mistério, algo exuberante para aqueles que enxergam além das aparências, veem a vida com os olhos da experiência, desfrutar dos mistérios que a natureza e o universo entrelaçam em sua dança cósmica, quando os astros se alinham e - além do tempo - em união, iniciam e reiniciam ciclos em eternos recomeços.
Exatamente nesse horário, o mundo parece brilhar, como se um sol noturno iluminasse as trevas, olho para cima, vejo a lua contrastando com o fundo escuro do céu noturno, refletindo, iluminando, inspirando - mesmo com as paredes ao meu redor, e o teto do meu quarto sobre minha cabeça - um bailar em meio ao vento nas ruas, a ventania que as vezes faz a janela tremer, e as árvores, que bailam tal qual os astros, em conexão com a natureza, a essência primal, em seu mais puro equilíbrio.
O tempo, relativo, a dualidade, persistente, nos esquecendo que estamos conectados a tudo, inseridos no universo e o universo inserido em nós, sobrepondo passado, futuro e presente, pois só existe o agora, como em outros versos, ponteiros de um relógio quebrado que apontam para o agora.
E o pouco que temos, nos tem, a medida em que o tempo passa e passamos por ele, agora... enquanto escorre a areia da ampulheta, passam-se os momentos, que viram memórias, enquanto novas vivencias nascem, como um loop oscilante entre altos e baixos de uma frequência de nossa própria existência.
Exatamente a meia-noite, sinto algo que as palavras não definem, atraído pelo mistério, o cantarolar do silencio em meio a imensidão povoada por formas oníricas e reais, a música ecoa juntamente com as ideias, entre inspirações e expirações, contemplo espirais de fumaça de minha caneca e café, e escrevo.
Iluminados pela luz da consciência, observando por vezes absorvendo,
enquanto no escuro, olhos nos observam em nossa própria inconsciência.
Por: David Alves Mendes

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