
"Ela nunca vai embora sem nada"
Assisti esta série por volta de três vezes, e a última foi final de semana passado, não tenho o hábito de parar uma série antes de concluir a temporada, porém, como já havia assistido, deixei para terminar de assistir esse final de semana, escrevi a análise em setembro de 2019, ao assistir a série pela primeira vez e a publiquei no antigo blog mortalha, relevem o link nas imagens!
Marianne
trata-se de uma série de terror francesa, da Netflix, lançada na
plataforma no início desse mês. Criada e dirigida por Samuel Bodin, a
primeira temporada conta com 8 episódios, cada um com cerca de 50
minutos.
Temos
como protagonista Emma Larsimon, uma escritora que se tornou famosa
graças a sua saga de livros de terror intitulada: "Lizzie Lark",
contando a história de uma mulher que é assombrada e começa a travar uma
terrível batalha contra uma bruxa chamada "Marianne".
Emma
se inspira em pesadelos frequentes que tem para escrever a história,
porém as coisas começam a fugir de seu controle quando a ficção começa a
se misturar com a realidade, ao ponto de não saber mais distinguir o
que é sonho ou realidade, nesse ponto, Marianne começa a aterrorizar
cada passo seu.
Isso daria uma bom resumo da trama, porém quero fazer uma análise mais elaborada sobre a série, portanto, vamos mais a fundo.
OBS:
Esse artigo contém alguns spoilers, porém se é do tipo de telespectador
que gosta de uma experiência em primeira mão e pretende ver a série,
recomendo que assista primeiro e depois leia essa análise.
ESTÉTICA
A abertura de Marianne é bem simplista e breve, são exibidos os livros da saga Lizzie Lark sendo folheados, e em cada página consta o crédito aos produtores da série, o que não vale a pena nem pular, já que trata-se de algo rápido.
No início de cada episódio nos deparamos com frases que, de alguma forma, se encaixam com o que será apresentado ao longo do enredo (por isso coloquei as frases logo abaixo, correspondentes em cada tópico relacionado aos episódios sobre os quais disserto), em seguida vemos "flashes" do episódio anterior, rememorando momentos importantes para a compreensão do público.
A série é recheada de sustos, a maioria clichê, eu diria, muitas das cenas são previsíveis, porém não deixam de ser empolgantes, no final de cada episódio uma problemática é resolvida e outra surge, o que desperta a curiosidade de quem assiste, prendendo o telespectador à obra.
ENREDO
PRIMEIRO EPISÓDIO: SEUS SONHOS
"Salve, salve! Não vens conosco esta noite? Boa companhia nos espera na floresta.
E, por pouco, não prometi ao Homem das Trevas que estaria conosco"
— Nathaniel Hawthorne
Emma Larsimon parece levar uma vida normal. Como alguns autores clássicos da literatura, percebemos de cara sua tendência para o alcoolismo (o que é compreensível quando tomamos consciência do que aconteceu em sua juventude), fora isso é uma mulher extrovertida que não vê problemas em falar exatamente o que pensa.
PRIMEIRO EPISÓDIO: SEUS SONHOS
"Salve, salve! Não vens conosco esta noite? Boa companhia nos espera na floresta.
E, por pouco, não prometi ao Homem das Trevas que estaria conosco"
— Nathaniel Hawthorne
Emma Larsimon parece levar uma vida normal. Como alguns autores clássicos da literatura, percebemos de cara sua tendência para o alcoolismo (o que é compreensível quando tomamos consciência do que aconteceu em sua juventude), fora isso é uma mulher extrovertida que não vê problemas em falar exatamente o que pensa.
Seus
problemas começam em uma sessão de autógrafos, quando uma amiga de
infância aparece novamente em sua vida, trazendo velhas lembranças à
tona de um passado que ela parece buscar esquecer, mesmo que em vão.
Após
falar que suas histórias estão causando um mal terrível e que ela
precisa voltar para Elden (sua cidade natal), a tal amiga sobe em um dos
pontos mais altos do edifício, coloca uma corda no pescoço e antes de
se jogar, faz um último pedido, ela pede que Emma entregue um colar para
sua mãe, um colar com um pingente de crucifixo, então se joga nos
braços de seu infeliz destino.
Graças
ao impacto que o acontecimento causa, a escritora se sente impelida a
realizar esse último pedido da amiga, nossa aventura então começa aí,
quando ela decide viajar, junto com sua assistente, para sua cidade
natal.
O
que era para ser apenas uma viagem rápida, um lugar passageiro, acaba
se tornando o cenário principal onde se passa toda a primeira temporada.
Assim
que chega em Elden, Emma é recebida não apenas mal, porém com uma certa
hostilidade, vinda do padre da cidade que faz questão de deixar claro
que ela não é bem vinda ali, o que já abre uma brecha para vemos que há
muito mais coisas ocultas em seu passado do que podemos imaginar.
Para
sair logo de Elden e voltar para seus afazeres na cidade grande, Emma e
Camille (sua assistente) se dirigem até a casa da amiga falecida, para
entregar o pingente para a mãe da mesma (Sra. Daugeron), porém se
depararem com uma situação nada agradável, à primeira vista parece
tratar-se de uma mulher idosa e demente, de certo modo, fanática pela
saga "Lizzie Lark".
Mas não é só isso, a mesma diz ser a bruxa Marianne, e seu pedido é para que Emma volte a escrever, já que encerrou a saga para se dedicar a outras obras.
Mas não é só isso, a mesma diz ser a bruxa Marianne, e seu pedido é para que Emma volte a escrever, já que encerrou a saga para se dedicar a outras obras.
Após
saírem praticamente correndo da casa daquela bizarra mulher, as duas
vão de encontro aos pais de Emma (com os quais a mesma parece não ter
uma relação muito agradável), ao entrar na casa ela se depara com os
dois em um momento íntimo (sim, ela pega eles no flagra, transando nas
escadarias), até aí tudo bem, após os ânimos se acalmarem todos se
reúnem para um jantar e conversar sobre o que aconteceu nesse meio tempo
(15 anos) desde que Emma saiu de Elden, o que gera um certo conflito
por conta de algo que ela fez, mais não é revelado logo, então Camille e
Emma estendem sua estadia no local e vão até o antigo quarto da
escritora para dormir.
Durante
a madrugada, Camille ouve um barulho e percebe que há algo estranho,
então se levanta para conferir, acabando por deparar-se com os pais de
Emma completamente nus, com um comportamento macabro e agressivo, o
casal de mãos dadas saem sem roupa (sabe-se lá para onde), o que ativa o
alarme da casa acordando Emma, que desesperada corre atrás dos pais.
O primeiro episódio encerra nessa parte, o que já instiga o telespectador a partir para o próximo, movido pela curiosidade de saber o que acontecerá em seguida.
SEGUNDO EPISÓDIO: TRADIÇÃO
"Clarke tinha feito de tudo para não acreditar em nada daquilo,
mas, ao terminar o relato, viu inscrito na sua mão:
E o diabo está encarnado e se tornou homem." — Arthur Machen
O segundo episódio se inicia com Camille na casa, trancada, mas percebe que não está sozinha, há mais alguém lá com ela, trata-se da Sra. Daugeron, que foram visitar mais cedo, a mesma que disse estar possuída por Marianne, a assistente fica paralisada graças ao acontecido, até que Emma volta.
Algo muito estranho está acontecendo ali, isso se torna claro!
A escritora e a assistente viram a noite sentadas nas escadas à frente da casa, pelo visto não conseguiram dormir depois do acontecido (e com razão), a polícia fora acionada para ajudar com o caso, então eis que surge Samuel, um investigador da polícia, que se torna uma peça chave na narrativa a partir daí, sempre pesquisando, buscando referências, movido por uma determinação firme de resolver tais mistérios que ali começam a ocorrer.
Porém isso não é nada comparado ao que está por vir!
Com seu espírito ousado, Emma Larsimon decide começar a investigar o que está ocorrendo por conta própria, esqueci de mencionar algo, a Sra. Daugeron, possuída por Marianne ameaçou os pais de Larsimon, o que a intriga, então ela resolve invadir a casa da mulher enquanto ela está fora, contando com a ajuda de Camille, para ver se consegue descobrir algo que ajude na investigação.
Há uma porta trancada dentro da casa, e parece haver algo lá dentro, vivo e se mexendo, porém no momento em que as duas vão arrombar a porta a "velha possuída" aparece, com o sorriso macabro de sempre no rosto, pega uma faca e começa a se cortar brutalmente, o sangue escorre como água, ela quer que Larsiman volte a escrever (por uma razão que não direi agora).
O SACO MOJO E A PROJEÇÃO ASTRAL
Quando
a amiga suicida visitou Emma Larsiman na sessão de autógrafos, a
entregou um pequeno saco que parecia ter sido confeccionado com pele
humana, e amarrado com mechas de cabelo, ao abri-lo se depara com um
dente humano, esse saco consta nas histórias de Lizzie Lark, trata-se de
feitiçaria.
O mesmo saco estava pendurado na maçaneta da porta dos pais de Larsiman, vindo a se tornar uma prova, confiscada pelo investigador Samuel, mais tarde quando Samuel visita um amigo que entende do assunto, descobre que trata-se de um saco mojo utilizado na feitiçaria para diversos fins, esse em específico, tem o intuito de deixar a pessoa que o recebe suscetível à ataques de feitiçaria.
[...]
Os pesadelos se tornam mais vívidos e intensos, em certos pontos Emma não sabe bem se está acordada ou sonhando, tem lapsos onde oscila entre o estado de sono e vigília, o que faz uma referência à projeção astral, que a mesma realiza de uma forma involuntária, a deixando suscetível aos ataques da bruxa.
Durante toda a temporada, Larsiman tem essas experiências.
REENCONTRO E O RENASCIMENTO
Ao sair para espairecer a mente, Emma vai até um local marcante em sua juventude, um barco encalhado onde ela e os velhos amigos costumavam passar o tempo, fumando, bebendo e jogando conversa fora.
Até que, para sua surpresa, esses mesmos amigos aparecem por lá, quinze anos depois, juntos, se põem a beber como nos velhos tempos e colocar os assuntos em dia. Um reencontro, de certo, emocionante, um momento de tranquilidade em meio ao caos que havia começado e, a partir dali, só aumentaria.
Após muito álcool, Emma chega em casa embriagada e um pouco atormentada pelas lembranças de seu passado que se tornam mais vívidas do que nunca, movida pela embriaguez e pela angústia, a escritora se põe a escrever novamente, havia dito que a saga Lizzie Lark chegará ao fim, porém faz uma publicação em seu blog intitulada "Renascimento", onde trás a personagem do livro de volta a vida para que as histórias continuem e, cada trecho escrito, acaba por se concretizar no mundo real, o que deixa algo claro:
"Tudo o que Emma Larsimon escreve, se torna realidade".
TERCEIRO EPISÓDIO: NÃO SOU FÁCIL
"Brincadeira de criança nunca é só brincadeira." — Montaigne
O mesmo saco estava pendurado na maçaneta da porta dos pais de Larsiman, vindo a se tornar uma prova, confiscada pelo investigador Samuel, mais tarde quando Samuel visita um amigo que entende do assunto, descobre que trata-se de um saco mojo utilizado na feitiçaria para diversos fins, esse em específico, tem o intuito de deixar a pessoa que o recebe suscetível à ataques de feitiçaria.
[...]
Os pesadelos se tornam mais vívidos e intensos, em certos pontos Emma não sabe bem se está acordada ou sonhando, tem lapsos onde oscila entre o estado de sono e vigília, o que faz uma referência à projeção astral, que a mesma realiza de uma forma involuntária, a deixando suscetível aos ataques da bruxa.
Durante toda a temporada, Larsiman tem essas experiências.
REENCONTRO E O RENASCIMENTO
Ao sair para espairecer a mente, Emma vai até um local marcante em sua juventude, um barco encalhado onde ela e os velhos amigos costumavam passar o tempo, fumando, bebendo e jogando conversa fora.
Até que, para sua surpresa, esses mesmos amigos aparecem por lá, quinze anos depois, juntos, se põem a beber como nos velhos tempos e colocar os assuntos em dia. Um reencontro, de certo, emocionante, um momento de tranquilidade em meio ao caos que havia começado e, a partir dali, só aumentaria.
Após muito álcool, Emma chega em casa embriagada e um pouco atormentada pelas lembranças de seu passado que se tornam mais vívidas do que nunca, movida pela embriaguez e pela angústia, a escritora se põe a escrever novamente, havia dito que a saga Lizzie Lark chegará ao fim, porém faz uma publicação em seu blog intitulada "Renascimento", onde trás a personagem do livro de volta a vida para que as histórias continuem e, cada trecho escrito, acaba por se concretizar no mundo real, o que deixa algo claro:
"Tudo o que Emma Larsimon escreve, se torna realidade".
TERCEIRO EPISÓDIO: NÃO SOU FÁCIL
"Brincadeira de criança nunca é só brincadeira." — Montaigne
Logo no início do episódio, a mãe de Emma Larsiman reaparece, sem roupa e completamente ensanguentada, sem lembrar de nada o que acontecera, a mesma faz algumas revelações de trechos contidos em um dos livros da saga Lizzie Lark, Emma passa a acreditar que a Sra. Daugeron realmente está possuída pelo espírito da bruxa Marianne, então resolve fazer uma visita.
O EXORCISMO MAL SUCEDIDO E O
PROSSEGUIMENTO DA INVESTIGAÇÃO
Chegando lá, acerta a idosa a golpeando com um crucifixo, a prende e tenta arrancar informações da mesma após realizar um ritual de exorcismo mal sucedido. Nesse meio tempo, Camille (a assistente) decide ir embora, pois não está mais aguentando toda aquela insanidade que está acontecendo, abandonando Larsiman.
Samuel após uma minuciosa investigação, acaba por descobrir o paradeiro do pai de Emma, um lugar repleto de velas e daqueles sacos mojo feitos com pele humana, o que só aumenta a suspeita sobre a Sra. Daugeron estar envolvida com tudo isso, após confiscar todas as provas, resgata o idoso e levando-o para o hospital, para onde Emma vai em seguida.
O HOMICÍDIO E A RETALIAÇÃO
Quando volta para casa, logo na entrada, Larsiman depara-se com muito sangue, já prevendo o que acontecera entra na casa e encontra o cadáver de sua mãe, completamente esfaqueado, mais acima na escaria está a velha possuída, com uma faca nas mãos, ensanguentadas. Então, Emma, movida pela raiva e o desejo de vingança, se lança no pescoço da mulher, a asfixiando.
Camille havia decidido voltar, e chega justamente no momento certo (ou errado), na tentativa de ajudar, consegue trazer a Sra. Daugeron de volta a vida usando de uma massagem cardíaca, porém, Marianne que estava no corpo da mesma, acaba por sair, atacando Camille, que cai escadaria abaixo.
No final do episódio, o pai de Emma e Camille dividem o mesmo quarto no hospital, ambos em coma, vitimados por Marianne.
QUARTO EPISÓDIO: UM MOMENTO LINDO
"Tiraram a sorte no palito para ver quem seria comido.
Alô, alô! O destino quis que fosse o mais jovem,
o grumete, que começou a chorar, alô, alô!" — Louis-François Nicolaïe
Após saber do acontecido, os amigos de Emma vão visitá-la para prestar suas condolências, preparam um banquete demonstrando seu apoio.
Nesse meio tempo o investigador Samuel aparece, avisando à Emma que a Sra. Daugeron está bem, fora acusada de homicídio e desejava falar com ela, chegando lá a mulher faz diversas revelações, assume ter sido possuída por Marianne e pede à Samuel para encontrar seu filho, pois acredita ter feito algum mal para ele, enquanto estava sob o controle da bruxa.
A partir daqui as coisas ficam realmente bizarras!
GOETIA E MAGIA NEGRA
A mando de Samuel, uma vistoria é realizada na casa da Sra. Daugeron, lembram da porta que Emma e Camille iam arrombar, mas foram interrompidas? Pois bem, os policiais derrubam a porta e se deparam com algo no mínimo macabro, um cômodo com um cheiro pútrido, dentro dele está o cadáver do filho da Sra. Daugeron, com partes de sua pele arrancadas (o que explica com o que estava sendo feito os sacos mojo), as paredes se mostram cobertas por símbolos estranhos, pintados com sangue e sobre uma mesa há um grimório, que Samuel confisca e em seguida sai em busca de respostas.
Dentre todos os símbolos, um se destaca:
Trata-se do selo de Beleth, o décimo terceiro daemon dentre os 72 da Goetia.
Assim
que bati o olho reconheci, sabia que se tratava de um selo goético,
então fui pesquisar e encontrei, cenas depois no mesmo episódio isso se
confirma, descobrimos que Marianne, quando viva, antes de ser capturada
pelos inquisidores, fez um pacto com esse daemon, que veio a se tornar
seu esposo.
A CONCEPÇÃO
A
esposa de um dos amigos de Emma está grávida, prestes a dar a luz,
todos se dirigem ao hospital, mas antes disso Emma tem um pesadelo, onde
ao invés de um bebê, nasce uma criatura demoníaca (essa cena é
importante para entender o final da série), porém, fora apenas um sonho,
a criança nasce bem e saudável, porém, ao final do episódio, é
capturada por Marianne.
QUINTO EPISÓDIO: A CULPA É SUA
"Ela deixou as mãos brincarem com o cabelo do menino trágico.
Não era mais a menininha com o coração partido.
Era a mulher adulta a quem tudo faz sorrir,um sorriso de olhos úmidos"
— James Matthew Barrie
Esse
foi o episódio que mais gostei em toda temporada, nele, voltamos 15
anos na narrativa, na época em que Emma Larsiman ainda morava em Elden, o
mesmo é permeado com uma névoa nostálgica e trás muitas revelações,
aqui as pontas soltas são juntadas e as coisas começam a fazer mais
sentido, já que é exposto tudo o que aconteceu no passado, não só de
Emma, mas de todos seus amigos, assim como explica o vínculo que os
mesmos possuem.
Vou me limitar a falar apenas sobre dois pontos importantes.
O RITUAL
Desde
essa época Emma já tinha pesadelos, o que a fazia urinar na cama
durante o sono, então em uma tentativa de ajudá-la, uma de suas amigas
(a que se enforcou anos depois) tem a ideia de invocar o espírito que a
perturba, ou seja, Marianne. Já é previsível que sairia algo errado.
A
turma, então, se reúne durante a noite e vão até uma escola abandonada
para realizar o ritual utilizando um tabuleiro Ouija. Durante o rito,
Emma acaba por ser possuída pelo espírito de Marianne, que se enfurece
por ter sido invocada por "um bando de pirralhos", como ela mesma diz,
então amaldiçoa um por um, o que explica os acontecimentos futuros.
Por
exemplo, a mulher que se enforcou no início da série, foi amaldiçoada
pela bruxa que prometeu enforcá-la (e pelo visto conseguiu), o homem que
teve o filho sequestrado por Marianne no episódio anterior, também foi
amaldiçoado, a bruxa disse que ele não teria filhos, pois levaria cada
um deles.
Ou
seja, eles só estão pagando as consequências do ritual que fizeram
durante a juventude, e tem mais, Marianne foi morta por inquisidores em
Elden e, como todos na cidade são descendentes dos inquisidores, estes
também estão pagando o preço por terem a assassinado durante a
inquisição.
Não
é à toa que no episódio anterior o investigador Samuel invade a igreja
em busca de um manuscrito contendo a lista das bruxas que foram mortas
ali, em Elden, assim como adquire um exemplar do Malleus Maleficarum, um
livro real, escrito e publicado durante a inquisição, repleto de
dissertações sobre como identificar uma bruxa, assim como as infames
torturas, que são ensinadas detalhadamente em centenas de páginas.
Trata-se de uma dívida histórica para com as bruxas, principalmente Marianne.
O AUTO EXÍLIO
Após
o ritual, Emma Larsiman resolve se confessar com o padre e desabafar
tudo com o mesmo, ele então revela que o espírito de Marianne está
ligado à Emma, e que ela precisa sair da cidade o quanto antes, isso
para o bem daqueles que ama, a incentivando a forjar seu próprio
declínio.
Então
começa a sua rebeldia sem causa aparente, ao sair por aí cometendo atos
de vandalismo, ofendendo autoridades e até mesmo à Deus, tudo para que
fosse expulsa de Elden, a partir desse ponto começamos a entender o
motivo das pessoas da cidade parecerem não gostar dela, seu esforço para
esquecer esse passado vinculado ao alcoolismo, dentre outras coisas.
Ao
sair da cidade, ela começa a se dedicar ao seus livros, escrevendo
sobre seus pesadelos e Marianne, o que a torna famosa, como ela mesmo
previra.
SEXTO EPISÓDIO: PELOS VELHOS TEMPOS
"E assim, estou deitado toda noite ao lado
do meu anjo, meu sonho, meu fado,
no sepulcro ao pé do mar,
ao pé do murmúrio do mar"
— Edgar Allan Poe
O
título já diz tudo, após uma minuciosa pesquisa, o investigador Samuel
descobre que basicamente tudo o que Emma já escreveu, se tornou
realidade em alguma parte do mundo, o que a faz se sentir culpada por
ser responsável por todas as desgraças que vem acontecendo.
A
partir daí eles fazem um plano para acabar de vez com Marianne e, como
nos velhos tempos, se dirigem até a escola abandonada para invocá-la no
intuito de aprisioná-la, todo o episódio se passa na ilha do farol, onde
fica a velha escola.
Apesar do plano bem elaborado, nada sai como planejado, e um dos personagens (o qual não citarei o nome) acaba por morrer.
SÉTIMO EPISÓDIO: JOVEM DEMAIS
"Nos meus ouvidos torturados,
ressoam, incessantes, um zumbido,
um farfalhar e um fraco distante latido
como aquele de um cão de caça gigante"
— H.P. Lovecraft
A
cena inicial desse episódio nos revela algo importante, os inquisidores
ao enterrar Marianne, deveriam seguir um ritual para que sua alma fosse
liberta, cobrir sua cabeça com um tecido com um crucifixo pintado,
amarrar o corpo e enterrá-lo sob cinco palmos do chão, junto do corpo
deveria ser colocado o manuscrito que sela o pacto da bruxa com o daemon
Beleth, este era pra ter sido queimado por inteiro até restar apenas
cinzas, mas por um descuido (irresponsabilidade, eu diria), o manuscrito
não foi queimado por inteiro, o que permitiu que a bruxa permanecesse
viva no "outro plano", apenas esperando uma oportunidade para voltar
buscando vingança.
Enquanto
isso, Emma Larsiman e os amigos permanecem presos na ilha, sendo
atormentados pela bruxa, que exige apenas uma coisa para deixá-los em
paz: Que Emma escreva! Aos poucos, um a um vão sendo manipulados a se voltar contra Emma, para convencê-la a voltar a escrever.
No
fim das contas, temos mais uma morte, o que é suficiente para que
Larsiman aceite a condição e volte a escrever sobre Marianne assim que
sai da ilha, junto com os amigos que sobreviveram a noite de provações.
Ao
final do episódio vemos uma cena importante para o desfecho da
temporada, Emma é visitada por um dos amigos, com o qual teve um "rolo"
na infância, graças a ela (por ter voltado a escrever), Marianne
devolveu seu filho, então, ele vai até a casa de Larsiman para
agradecê-la, no meio da conversa o clima parece esquentar, e os dois
acabam por transar.
Na
última cena, o padre bate à porta de Emma e, quando a mesma abre, o
mesmo invade a casa numa tentativa de fazer um exorcismo na escritora.
ÚLTIMO EPISÓDIO: TERÇA-FEIRA
"Ainda sinto em meus ouvidos a rendição suprema
do nome e seu tributo à minha devoção." — Henry James
Como
sendo o desfecho, o que ainda estava oculto se revela nesse episódio, o
padre tenta realizar o exorcismo em Emma mas acaba falhando, pois a
mesma já havia voltado a escrever, então ele revela para ela que
Marianne ganha forças graças à suas narrativas, o público a alimenta com
suas energias, e mais, Marianne é na verdade Emma, as duas estão
interligadas desde a infância, pois Larsiman teve um contato com a bruxa
muito jovem, ela prometeu sempre acompanhá-la em seus pesadelos, o que
elucida muitas questões.
Emma,
movida por Marianne, vai até o quintal (aonde está a cova da bruxa),
então a retira de lá. Entre os dois mundos, Emma de um lado permanece no
plano físico em sua casa, porém, mentalmente (ou espiritualmente) se
encontra em outro plano, onde Marianne a leva para um lugar misterioso,
dizendo que lá ela encontrará sua mãe, e seus amigos falecidos.
Enquanto
isso o padre se dirige até a cova da bruxa para terminar o serviço mal
sucedido de seus antepassados, na tentativa de pôr fogo na cova acaba
caindo lá dentro com o galão de gasolina e seu isqueiro.
A
melhor amiga de Larsiman vem até sua casa, para ver como ela estava
(sem saber que ela estava possuída por Marianne), então, quando se vê
encurralada, acaba por colocar um medalhão em Emma, um tipo de amuleto
contra demônios, o que dá poderes a Emma no "outro plano", a fazendo
conseguir resistir aos "encantos" de Marianne.
O
padre, ferido e caído na cova, consegue acender o isqueiro e terminar
de queimar o manuscrito, se sacrificando para isso, então Larsiman reúne
forças tomando novamente o controle de si mesma e, para acabar de vez
com tudo, resolve atirar contra sua própria cabeça, se matando e levando
Marianne junto, porém quando está prestes a disparar, sua amiga a
impede, salvando-a.
Depois
de toda a tensão, Emma acorda no hospital acompanhada da amiga, ambas
aliviadas por tudo ter acabado e a bruxa ter finalmente sido "morta"
(coloco entre aspas pois ela já estava morta).
Camille,
a assistente da escritora, acorda do coma juntamente com o pai de Emma,
então as duas decidem ir embora, mas antes de ir, Larsiman resolve
passar em dois lugares, na igreja para prestar uma homenagem ao padre,
que se sacrificou para dar um fim em Marianne e, de certo modo,
salvá-la, e na casa de seu amigo (com quem havia transado no episódio
anterior) para se despedir, porém o que ele diz a deixa confusa, segundo
ele, eles não fizeram sexo.
Ele
parece falar sério, então ela volta para o carro e se dirige de volta
para a cidade grande, porém, no meio do caminho, para diversas vezes
para vomitar (enjoada), o que faz a sua assistente/amiga, Camille,
comprar um teste de gravidez, que Emma usa, descobrindo que está
gravida, então a temporada acaba aí.
O
que significa isso? Lembram do pesadelo que Emma teve que a mulher de
seu amigo dava luz a uma criatura maligna no quarto episódio? Bem, se
ela não transou com ele, então, com quem ela transou? Ou o que?
Pois
bem, essa é a abertura para a trama da segunda temporada, Larsiman não
está grávida de uma criança qualquer, mas sim de uma criatura maligna, o
padre antes de morrer, enquanto conversavam após ele tentar fazer o
exorcismo, afirmou que Marianne queria ser uma com Emma, falar com a voz
dela, andar com suas pernas e até reproduzir com seu ventre.
Minha
suposição é que, quem visitou Emma aquela noite fora ninguém menos que o
demônio Beleth, na forma de seu amigo, como ela estava "possuída" por
Marianne, ambos conceberam uma "criança infernal", que provavelmente
será o tema da próxima temporada, talvez uma maneira de Marianne voltar,
ou coisas piores acontecerem.
Por: David Alves Mendes | Mortalha Cult ©














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