O filme de terror reflete nossas ansiedades mais sombrias
— e, ao longo dos anos, alguns cineastas foram capazes de inovar e
redefinir esse gênero de maneiras memoráveis. Desde os grandes mestres
do suspense antigo até os novos talentos que se concentram em ambientes
pesados e inquietantes, a trajetória do terror é repleta de autores que
romperam com normas e nos proporcionaram noites sem dormir.
Em Psicose, ele subverte expectativas logo de início (alerta de spoiler): mata a protagonista nos primeiros 40 minutos e faz do vilão um personagem aparentemente inofensivo.
A famosa cena do chuveiro não é apenas um exercício de montagem e
trilha sonora — é uma declaração de princípios sobre o poder do cinema
em chocar sem mostrar, diferentemente de filmes do gênero gore.
Hitchcock entendia que o verdadeiro medo nasce na imaginação do
espectador.
Mas seu gênio vai além do conteúdo. A forma como filmava — longos planos sequência, enquadramentos claustrofóbicos, cortes precisos — transformava a câmera em cúmplice e narradora. Em Janela Indiscreta (Rear Window, de 1954), somos espiões junto com o protagonista. Em Um Corpo que Cai (Vertigo, de 1958), vivenciamos obsessões, traumas e ilusões através da lente distorcida de um detetive quebrado.
Hitchcock não era apenas um contador de histórias; era um arquiteto de emoções. Sua influência pode ser sentida em diretores como Brian De Palma, David Fincher, Jordan Peele e até nos momentos mais calculados do terror contemporâneo. O suspense moderno deve a ele não só seus sustos, mas também seu rigor, sua elegância e sua ousadia.
Nos anos 70 e 80, o gênero de terror passou por transformações significativas. John Carpenter, com Halloween
de 1978, estabeleceu o padrão para os filmes de slasher. Sua abordagem
contida da trilha sonora e a construção constante da tensão mostraram
que o terror poderia ser direto, mas extremamente impactante. Nesse
mesmo período, Wes Craven acrescentou camadas metafísicas ao gênero com filmes como A Hora do Pesadelo de 1984 e, posteriormente, Pânico de
1996, desafiando as convenções do terror e apresentando ao público algo
que era simultaneamente aterrorizante e autoconsciente, um clássico dos
filmes de horror.

Paralelamente, David Cronenberg apresentava uma proposta totalmente distinta: o chamado "terror corporal". Em obras como A Mosca de 1986 e Videodrome de 1983, Cronenberg investigava os limites do corpo humano e da identidade, criando uma mistura perturbadora de repulsa e atração. Seus filmes provocam desconforto, pois nos obrigam a confrontar o que é mais vulnerável e mutável dentro de nós.
Nos anos setenta e oitenta, o gênero de terror assumiu novas representações e características. John Carpenter com Halloween de 1978, estabeleceu o padrão para os filmes slasher contemporâneos. A sua abordagem simples da trilha sonora e a criação incessante do pavor demonstraram que o terror poderia ser descomplicado, mas extremamente impactante. Ao mesmo tempo, Wes Craven apresentou elementos metalinguísticos.
Ao entrarmos no século XXI, testemunhamos uma nova geração de cineastas que não só trouxeram de volta o terror, mas também o transformaram para plateias que desejavam mais do que apenas sustos rápidos. Um nome fundamental nessa discussão é Jordan Peele, cuja obra de estreia Corra! de 2017 trouxe um novo frescor e uma crítica social contundente ao gênero. Peele evidenciou que o terror pode — e deve — interagir com as tensões raciais, políticas e culturais vigentes.
Por fim, temos Ari Aster, um dos diretores mais falados da nova era. Seus filmes Hereditário de 2018 e Midsommar de 2019 proporcionam experiências desconcertantes que desafiam expectativas e imergem o público em um terror psicológico quase -senão totalmente - simbólico e ritualístico. Aster não tem pressa. Ele opta por desenvolver, passo a passo, um ambiente opressivo e inexorável, onde o horror se concentra menos em criaturas e mais em perda, trauma e o desmoronamento da normalidade, algo psicoemocional.
Cada um desses cineastas, de sua própria forma, reinventou o gênero do terror.
Eles perceberam que o verdadeiro pavor muitas vezes não reside nas entidades que nos perseguem, mas nas emoções que carregamos quando as luzes se apagam. Essa é a razão pela qual suas obras permanecem nos atormentando muito após o término dos créditos.
Por: Alessa





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