H.P. Lovecraft | Vida & Obra
H. P. Lovecraft é a abreviatura de Howard Phillips Lovecraft.
O
mesmo foi um escritor estadunidense que basicamente revolucionou o
gênero de terror, atribuindo-lhe elementos fantásticos típicos dos
gêneros de fantasia e ficção científica, vindo a se tornar referência
para muitos autores do gênero.
Lovecraft
originou o ciclo de histórias que, posteriormente, foram agrupadas no
Cthulhu Mythos, assim como o grimório conhecido como Necronomicon —
supostamente vinculado a John Dee, astrônomo e ocultista britânico do
século XVI — através do qual os seres humanos em suas histórias se
comunicam com o panteão de entidades criadas pelo autor.
O
grimório é bastante popular entre os praticantes da Magia do Caos,
alguns ocultistas afirmam que o tal grimório não é apenas mera ficção,
mas sim uma verdadeira compilação de entidades bastante arcaicas (e
perigosas).
Lovecraft
tinha um estilo bem peculiar e autêntico de narrativa, e criou um termo
para rotular o seu gênero literário, mais conhecido como: "Cosmicismo"
ou "Horror Cósmico", pelo qual a vida é incompreensível ao ser humano e o
universo é infinitamente hostil aos seus interesses.
Suas
obras expressam uma profunda indiferença às crenças e atividades
humanas, assim como uma atitude profundamente pessimista e cínica,
muitas vezes desafiando os valores do Iluminismo, do Romantismo, do
Cristianismo e do Humanismo. Os
protagonistas de Lovecraft eram o oposto dos tradicionais por
momentaneamente anteverem o horror da última realidade e do abismo.
Durante
sua vida, Lovecraft teve um número relativamente pequeno de leitores.
No entanto, postumamente, com o passar das décadas, sua reputação foi se
elevando e, agora, é considerado um dos escritores de terror mais
influentes do século XX (e da história).
VIDA
Na imagem acima podemos ver Lovecraft com cerca de 9 anos de idade.
H.P.
Lovecraft nasceu em 20 de agosto de 1890, em Providence no estado de
Rhode Island. Era filho único de Winfield Scott Lovecraft, negociante de
joias e metais preciosos, e Sarah Susan Phillips, oriunda de família
notória, que podia traçar suas origens directamente aos primeiros
colonizadores americanos.
Quando
Lovecraft tinha três anos, seu pai sofreu uma aguda crise nervosa que o
deixou com profundas sequelas, obrigando-o a passar o resto de sua vida
em clínicas de repouso. Por conta de tal acidente, ele foi criado pela
mãe, pelas duas tias e pelo avô.
Lovecraft
era um jovem prodígio que recitava poesia aos dois anos e já escrevia
poemas autorais aos seis. Seu avô encorajou seus hábitos de leitura,
arranjando-lhe versões infantis da Ilíada e da Odisseia, de Homero,
assim como introduzindo-o à literatura de terror, apresentando-lhe
histórias clássicas do terror gótico, o que certamente influenciou sua
atração pelo "obscuro".
Lovecraft
era uma criança constantemente doente. Seu biógrafo, L. Sprague de
Camp, afirmou que o jovem Howard sofria de poiquilotermia, uma raríssima
doença que fazia com que sua pele fosse sempre gelada ao toque. Dados
seus problemas de saúde, ele frequentou a escola apenas esporadicamente
mas, em casa, era um leitor assíduo.
Fotografia tirada em 1915 para a United Amateur Press Association.
Seu
avô veio a falecer em 1904, o que levou a família a um estado de
pobreza, devido à incapacidade das filhas de gerenciarem seus bens. A
família foi obrigada a se mudar para acomodações menores e insalubres, o
que prejudicou ainda mais a já débil saúde de Lovecraft.
Em
1908, ele sofreu um colapso nervoso, acontecimento que o impediu de
receber seu diploma de graduação do ensino médio e, consequentemente,
complicou sua entrada numa universidade. Esse fracasso pessoal marcaria
Lovecraft pelo resto de sua vida.
Durante
a juventude, Lovecraft dedicou-se a escrever poesia, mergulhando na
ficção de terror apenas a partir de 1917. No mesmo ano, publicou seu
primeiro trabalho profissional, o conto: Dagon, na revista Weird
Tales. Lovecraft, junto de Clifford Martin Eddy Jr., foi um ghostwriter
da revista Weird Tales, inclusive escrevendo uma história para Harry
Houdini, chamada: Sob as Pirâmides.
Sua mãe nunca chegou a ver nenhum trabalho do filho publicado, tendo morrido em 1921 após complicações de uma cirurgia.
Lovecraft
chegou a trabalhar como jornalista por um curto período, durante o qual
conheceu Sonia Greene, com quem viria a casar. Ela era uma judia
natural da Ucrânia, oito anos mais velha que ele, o que fez com que sua
tias protestassem contra o casamento.
O
casal mudou-se para o Brooklyn, na cidade de Nova Iorque, cidade que
Lovecraft nunca gostou. O casamento durou poucos anos e, após um
divórcio amigável, Lovecraft regressou a Providence, onde residiria até
morrer.
O
período imediatamente após seu divórcio foi o mais prolífico de
Lovecraft, no qual ele se correspondia com vários escritores estreantes
de horror, ficção e aventura. Entre eles, seu mais ávido correspondente
era Robert E. Howard, criador de Conan o Bárbaro. Algumas das suas mais
extensas obras foram escritas nessa época, como Nas Montanhas da Loucura
e O Caso de Charles Dexter Ward, seu único romance.
Seus
últimos anos de vida foram bastante difíceis. Em 1932, sua amada tia
Lillian Clark, com quem ele vivia, faleceu. Lovecraft mudou-se com Annie
Gamwell, sua outra tia e companhia remanescente, para uma pequena casa
alugada, que se situava atrás da biblioteca John Hay. Para sobreviver,
considerando-se que seus próprios textos aumentavam em complexidade e
número de palavras, dificultando as vendas, Lovecraft apoiava-se como
podia em revisões e ghost-writing de textos assinados por outros,
inclusive poemas.
Em
1936, a notícia do suicídio do seu amigo Robert E. Howard deixou-o
profundamente entristecido e abalado. Nesse ano, a doença que o mataria
(câncer no intestino) já avançara o bastante para que pouco se pudesse
fazer contra ela. Pelos meses seguintes, Lovecraft aguentou dores cada
vez mais crescentes, até que, a 10 de março de 1937, viu-se obrigado a
internar-se no Hospital Memorial Jane Brown.
Ali morreria cinco dias depois, com 46 anos de idade.
Howard
Phillips Lovecraft foi enterrado no dia 18 de março de 1937, no
cemitério Swan Point, em Providence, no jazigo da família Phillips. Seu
túmulo é o mais visitado do local, mas passou décadas sem ser demarcado
de forma exclusiva, o que foi feito décadas depois por fãs do autor.
OBRA
Acima uma coletânea contendo todos os "Mitos de Cthulhu",
uma de suas criações mais populares.
Muitos
dos trabalhos de Lovecraft foram inspirados por seus constantes
pesadelos, o que contribuiu para a criação de uma obra marcada pelo
subconsciente e pelo simbolismo. As suas maiores influências foram Edgar
Allan Poe, por quem Lovecraft nutria profunda afeição, e Lord Dunsany,
cujas narrativas de fantasia inspiraram suas histórias em Terras de
Sonho.
Leia mais: Edgar Allan Poe - Vida e Obra
Lovecraft
é um dos poucos autores cuja obra literária não tem meio-termo:
volta-se única e exclusivamente para o horror, tendo como finalidade
perturbar o leitor, depois de atraí-lo para a atmosfera, o ambiente, o
clima daquilo que lê. Muitas vezes, ele parte de uma situação, à
primeira vista, banal para, paulatinamente, revelar o horror por trás
dela.
Assim acontece no romance: O Caso de Charles Dexter Ward,
no qual a atmosfera de normalidade vai se desfazendo à medida que o
autor vai revelando, aos poucos, o resultado da pesquisa que o citado
Charles fizera tentando encontrar um seu antepassado que havia sido
obscurecido propositadamente.
Na
representação ilustrada pela imagem, vemos Cthulhu aterrorizando alguns
navegantes, uma criatura marinha assombrosa, criação de Lovecraft.
Além
da atmosfera banal, outro ingrediente da fórmula lovecraftniana para
seduzir o leitor é o uso da primeira pessoa: a maior parte de seus
contos, como: O Chamado de Cthulhu, Um Sussurro nas Trevas, A Cor que Caiu do Céu, Sombras Perdidas no Tempo e Nas Montanhas da Loucura, são narrados em primeira pessoa.
Em
algumas histórias, todos os acontecimentos são vividos pelo narrador,
como em "Sombras Perdidas no Tempo". Em outras, o narrador convive com
algumas personagens e toma parte dos fatos (em geral, a pior delas).
As
constantes referências nas histórias de Lovecraft a horrores, monstros e
divindades ancestrais acabaram por gerar algo análogo a uma mitologia,
popularmente conhecida como Cthulhu Mythos, expressão criada após a
morte do autor pelo escritor August Derleth, um dos muitos escritores a
basearem suas histórias na mitologia criada por Lovecraft.
O
Cthulhu Mythos contém vários panteões de seres extra-dimensionais que
reinaram sobre a Terra há milhões de anos. Estes seres eram tão
poderosos que eram ou podiam ser considerados deuses. Alguns deles,
inclusive, teriam sido os responsáveis pela criação da raça humana e
teriam uma intervenção direta em toda a história do universo.
Algumas das histórias de Lovecraft mostram a paixão deste por gatos, que o levou a criar a fícticia cidade de Ulthar.
Esta última é mencionada na história: A Procura de Kadath.
Uma das inúmeras edições do Necronomicon, estampada com o popular símbolo que ilustra o mesmo, usado até hoje por ocultistas.
Lovecraft criou também um dos mais famosos e explorados artefatos das histórias de terror: o Necronomicon, um fictício livro de invocação de demônios escrito pelo também fictício Abdul Alhazred. Até
hoje, é popular o mito da existência real deste livro, fomentado
especialmente pela publicação de várias edições falsas do Necronomicon e
por um texto, da autoria do próprio Lovecraft, explicando sua origem e
percurso histórico.
Lovecraft também escreveu o ensaio: O Horror Sobrenatural na Literatura,
ainda considerado o mais importante sobre o gênero, mesmo tendo se
passado mais de setenta anos da sua publicação. O surgimento,
posteriormente, de autores como Robert Bloch e Stephen King não alterou
este fato.
Uma
coisa é certa, até hoje H.P. Lovecraft é um símbolo do "mundo do
horror", tendo sido inspiração de diversos outros autores, assim como
referência para obras como livros, jogos, filmes, músicas, dentre muitos
outros exemplos.
Se
gosta do gênero "terror/horror" e ainda não conhece as obras desse
influente escritor, sugiro que comece a lê-las, porém já alerto, é um
caminho sem volta.
Por: David Alves Mendes | Mortalha Cult
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